“Por amor de Jesus perdôo-o e quero que venha comigo para o paraíso.” Era o dia seis de julho de 1902.
Maria Teresa Goretti, ou Marieta, como chamavam familiarmente os seus parentes, não é a única menina que preferiu sucumbir antes que cederás insídias de um tarado. Quase todos os dias os jornais referem-se a fatos de violências exercidas sobre meninas indefesas.
O motivo principal pelo qual a Igreja quis apresentar o exemplo desta menina de doze anos não é só a defesa ao extremo de uma virtude como a pureza, mas toda a sua vida exemplar, a decidida escolha não em razão da honra, mas do mandamento divino: “Não, não, Deus não quer; é pecado!”, gritou ao moço de 18 anos, Alexandre Serenelli, que procurava fazer-lhe violência.
A família Goretti, originária de Corinaldo, da província de Ancona, obrigada pela necessidade havia emigrado para o inóspito Agro Pontino na localidade Ferrieri di Conca, a dez quilômetros de Netuno, pelos fins do século passado.
A família, acostumada aos duros trabalhos dos campos, se arranjou do melhor modo que pode num casarão abandonado e enquanto o pai e a mãe trabalhavam na lavoura, Maria cuidava dos quatro irmãozinhos mais novos que ela.
Perdeu o pai quando tinha apenas dez anos. Morreu por doença. Assim mamãe Assunta, para ganhar o necessário à vida ficava o dia inteiro no trabalho do campo e Maria, que não tinha tido meios de freqüentar a escola senão um pouco, logo teve de renunciar totalmente.
Cuidava da casa e dos irmãos e quando podia corria à longínqua igreja para aprender catecismo. Assim, aos doze anos, num domingo de maio, pode fazer a primeira comunhão.
Era uma menina muito crescida, pela sua idade, e por isso chamou a atenção de Alexandre Serenelli, um irrequieto jovem.
Suas provocações foram energicamente desprezadas. Mas Alexandre não desistiu. Uma manhã quando mamãe Assunta partiu para o trabalho, deixando em casa só Marieta com a irmãzinha menor (que mais tarde se fez freira entre as franciscanas missionárias da Imaculada), após mil rejeições da parte da menina, apunhalou-a com vários golpes.
Transportada ao hospital de Netuno, morreu no dia seguinte, pronunciando palavras de perdão para o assassino: “Por amor de Jesus perdôo-o e quero que venha comigo para o paraíso.” Era o dia seis de julho de 1902.
Condenado aos trabalhos forçados, Alexandre Serenelli obteve perdão por sua boa conduta após 27 anos. Em 1910 ele disse ter tido uma visão da pequena mártir e desde aquele momento sua vida mudou. A mãe, os irmãos e o próprio assassino puderam assistir em 1950 a solene canonização de Marieta, a jovem que não se deixou contaminar pela doença do pecado.