Blog Católico


5/04/2012

Santo Ezequiel Moreno, Bispo



Seus 15 anos como missionário nas Filipinas foram impregnados com um halo de santidade pela sua piedade, seu zelo apostólico e a caridade com os doentes. A Espanha e a Colômbia também usufruíram de sua dedicação e competência.

Ezequiel Moreno y Días nasceu em Alfaro, na província de La Rioja, Espanha, no dia 9 de abril de 1848. Terceiro filho de um casal pobre de bens materiais mas rico em virtudes, ele recebeu uma profunda educação cristã.
Seu pai, Félix, alfaiate de profissão, e sua mãe, Josefa Días, eram ambos modelos de honradez e piedade e educaram os cinco filhos na Igreja.
Ezequiel sentiu desde criança o chamado de Deus à vida religiosa e missionária. Conhecedor da responsabilidade missionária dos agostininaos recoletos nas Ilhas Filipinas, ele queria ser missionário nestas ilhas distantes.
Aos dezessete anos, no dia 22 de setembro de 1865, emitiu a profissão religiosa na Ordem dos Agostininanos Recoletos. Ele tomou o nome de Frei Ezequiel de Nossa Senhora do Rosário, nome com o qual gostava de ser chamado. Ele fez sua profissão religiosa aos pés de Nossa Senhora do Caminho, a qual amava com singular ternura.
No dia 4 de outubro de 1869 embarcava rumo à terra de seus sonhos – as Ilhas Filipinas –, junto com outros 17 religiosos. Eles chegaram em Manila -capital das Filipinas- no dia 10 de fevereiro de 1870. Frei Ezequiel Moreno foi ordenado sacerdote em Manila em 3 de junho de 1871. Ele foi destinado à ilha de Mindoro para iniciar suas atividades missionárias junto com frei Eustáquio, seu irmão -biológico- mais velho.
A integridade da sua conduta, seu amor aos doentes e suas insaciáveis ânsias missionárias ganharam a estima dos superiores que logo lhe confiaram o delicado cargo de missionário e capelão na ilha de Palawan. Ali colocou todo o seu zelo apostólico. Sua intensa atividade e a malária acabaram com sua saúde e após nove meses se viu obrigado a retornar a Manila. Porém, não ficou parado: exerceu vários cargos e assumiu várias responsabilidades, entre elas: pároco – em mais de uma comunidade –, pregador e administrador.
Os primeiros 15 anos sacerdotais, cheios de ardente zelo apostólico, transcorreram nas Filipinas. Em 1885 ele foi nomeado superior do convento de Monteagudo (Espanha), na época a comunidade onde se formavam as consciências dos futuros missionários. Ninguém melhor que ele, missionário experimentado com auréola de santo, pôde suscitar no coração dos jovens o espírito apostólico.
A fama de santidade que havia adquirido nas Filipinas só cresceram durante os três anos do seu priorado no convento de Monteagudo. A Providência lhe preparou uma excelente oportunidade para aumentar o seu zelo apostólico em outras terras distantes.
Ezequiel Moreno se oferece como voluntário quando os irmãos agostinianos da Colômbia pedem ajuda à Espanha. Ele foi nomeado superior de uma expedição que contou com sete missionários.
O primeiro objetivo era restabelecer a observância religiosa nas comunidades. Frei Ezequiel Moreno sabia que somente bons religiosos poderiam ser autênticos apóstolos e missionários. O restabelecimento da vida religiosa contou com o reativamento das missões nas planícies de Casanare, lugar onde os agostinianos recoletos da Colômbia tinham exercitado antigamente o seu apostolado.
Ele mesmo vai como pioneiro e recorreu no dorso de mula os povoados espalhados pela imensa região de missões. Seu testemunho estimulou o ânimo dos religiosos.
Em 1893 ele foi nomeado Bispo titular e vigário apostólico de Casanare. Sua ordenação episcopal aconteceu no dia primeiro de maio de 1894. Sua intenção era passar ali os restos de seus dias, no meio de privações e sofrimentos junto ao povo que tanto amava. Porém, Deus tinha outros planos para ele.
Em 1895 ele foi nomeado Bispo de Pasto. Sua nova missão lhe mostrou situações mais dolorosas: humilhações, menosprezo, calúnias e perseguições. No entanto, sua vida interior, sempre dirigida para Deus e seu amor à contemplação suscitaram em torno dele um grupo de almas seletas as quais, com sabedoria iluminada, dirigiu nos caminhos da santidade.
Amigo da verdade e dos homens até ao ponto de expor repetidas vezes sua vida, foi o alvo preferido dos insultos e perseguições de quantos queriam ferir a Igreja.
Ele uniu uma caridade sempre disponível à uma grande fortaleza de ânimo, mormente quando se tratava dos interesses de Cristo e da Igreja.
De 1888 até pouco antes de sua morte, dedicou sua multiforme atividade à Colômbia. Restaurou a Província da Candelária, deu início a uma nova fase missionária, foi o primeiro Vigário Apostólico de Casanare e desde 1896, Bispo de Pasto.
Em 1905 manifestou-se no seu corpo uma grave enfermidade: câncer no nariz. Os médicos recomendaram viajar para a Europa em busca de tratamento adequado, o que ele fez somente com insistentes pedidos dos sacerdotes e religiosos. Chega à Espanha em 1906 e em fevereiro é operado num procedimento muito doloroso, em grande parte sem anestesia. Ele passou por uma segunda operação em março do mesmo ano, mas sem êxito algum.
Convencido de que havia chegado o seu fim, decide passar os últimos dias de sua vida em uma cela conventual em Monteagudo, junto à Nossa Senhora do Caminho, "sua mãe amadíssima" para render ali ao Senhor a homenagem de sua vida.
Ezequiel Moreno morreu no convento de Monteagudo (Navarra, Espanha), onde professara e onde fora prior, a 19 de agosto de 1906.
Foi sepultado na igreja de Nossa Senhora do Caminho do convento de Monteagudo. Seus restos repousam hoje em uma capela, construída recentemente dentro do recinto da mesma igreja. Foi beatificado pelo papa Paulo VI no dia 1º de novembro de 1975 e canonizado por João Paulo II no dia 11 de outubro de 1992, em Santo Domingo, República Dominicana, no V Centenário da Evangelização da América, durante a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Celam).
Santo Ezequiel Moreno é denominado o Santo da Nova Evangelização e são atribuídas à sua intercessão muitas curas, especialmente de câncer.

Irmã Serafina Micheli e a visão de Lutero no inferno


Em 1883, a Irmã Maria Serafina Micheli (1849-1911), que será beatificada em Faicchio, na província de Benevent, diocese de Cerreto Sannita (Itália), em 28 maio de 2011, fundadora das Irmãs dos Anjos, estava passando por Eisleben, na Sassonia, cidade natal de Lutero. Naquele dia se festejava o quarto centenário do nascimento do grande herege (10 de novembro de 1483), que dividiu em duas a Europa e a Igreja, deste modo as ruas estavam lotadas, as varandas enfeitadas com bandeiras. Entre as numerosas autoridades presentes aguardava-se, a qualquer momento, a chegada do empreendedor Guglielmo I, que presidiria a celebração solene. A futura beata, embora notasse o grande tumulto, não estava interessada em saber a razão para aquele entusiasmo inusitado, seu único desejo era procurar uma igreja e rezar para poder fazer uma visita a Jesus Sacramentado. Depois de caminhar por algum tempo, finalmente, encontrou uma, mas as portas…

… estavam fechadas. De todo modo, ela se ajoelhou na escadaria de acesso para fazer as suas orações. Sendo noite, não havia percebido que não era uma igreja católica, mas protestante. Enquanto rezava, o Anjo da Guarda lhe apareceu e disse: “Levanta-te, pois esta é uma igreja protestante”. E acrescentou: “Mas eu quero fazer-te ver o local onde Martinho Lutero foi condenado e a pena que sofreu em castigo do seu orgulho”.
Depois destas palavras, ela viu um terrível abismo de fogo, no qual eram cruelmente atormentadas um incalculável número de almas. No fundo deste precipício havia um homem, Martinho Lutero, que se distinguia dos demais: estava cercado por demônios que o obrigavam a se ajoelhar e todos, munidos de martelos, se esforçavam, em vão, em fincar em sua cabeça um grande prego. A Irmã pensou: se o povo em festa visse esta cena dramática, certamente, não tributariam honra, recordações, comemorações e festejos para um tal personagem. Em seguida, quando se apresentou a ocasião, recordou às suas irmãs que vivessem na humildade e no recolhimento. Estava convencida de que Martinho Lutero fora punido no inferno, sobretudo, por conta do primeiro pecado capital, o orgulho.


O orgulho o fez cair em pecado capital, conduziu-o à rebelião aberta contra a Igreja Católica Romana. A sua conduta, sua postura para com a Igreja e a sua pregação foram determinantes para enganar e levar muitas almas superficiais e incautas à ruína eterna. Se quisermos evitar o inferno, vivamos na humildade. Aceitemos não ser considerados, valorizados e estimados por aqueles que nos conhecem. Não nos queixemos quando formos desprezados ou deixados por último por outros que pensamos ser menos dignos que nós. Jamais critiquemos, por qualquer razão, as ações daqueles que nos rodeiam. Se julgarmos os outros, nem sequer somos cristãos. Se julgarmos os outros, não somos sequer nós mesmos.
Confiemos sempre na graça de Deus e não em nós mesmos. Não nos preocupemos excessivamente com nossa fragilidade, mas com nosso orgulho e presunção. Digamos freqüentemente com o salmista: “Senhor, meu coração não se enche de orgulho, meu olhar não se levanta arrogante. Não procuro grandezas, nem coisas superiores a mim.” (Salmo 130). Ofereçamos a Deus nosso “nada”: a incapacidade, a dificuldade, os desânimos, as desilusões, as incompreensões, as tentações, as quedas e as amarguras de cada dia. Reconheçamo-nos pecadores, necessitados de sua misericórdia. Jesus, justamente porque somos pecadores, só nos pede que abramos nosso coração e nos deixemos ser amados por Ele. Esta é a experiência de São Paulo: “porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo “(2 Cor. 12,9). Não impeçamos o amor de Deus para conosco com o pecado ou com a indiferença. Demos sempre a Ele mais espaço em nossa vida, para viver em plena comunhão com Ele no tempo e na eternidade.